O que é o Consciência Social?

É um blogue que convida todos à aberta discussão de temas relevantes para o desenvolvimento pessoal e de maior consciência social. Encontre temas ligados ao ambiente, práticas ecológicas, soluções de sustentabilidade, espiritualidade, iniciativas sociais e muitas novas ideias! Comenta! Partilha!

segunda-feira, novembro 06, 2006

bancos

parece-me que o objectivo é mesmo a divulgação, por isso aqui vai a transcrição de uma carta de que tive conhecimento a partir de uma mailing list. cof cof abram alas ao sr vítor pinheiro:

CARTA ABERTA AO BES

Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existênciado posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os meses os senhores e todos os usuários,pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria,farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriqueceros proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço dealta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria ospreços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preçode mercado.
Que tal?Pois, ontem saí do meu BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e de honestidade. A minha certeza deriva deum raciocínio simples.Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. Opadeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como, todo e qualquer outro serviço. Alémdisso, impõe-me taxas. Uma "taxa de acesso ao pão", outra "taxa por guardarpão quente" e ainda uma "taxa de abertura da padaria". Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o queocorreu comigo no meu Banco.Financiei um carro. Ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobraram-me preços de mercado. Assim como o padeiro cobra-me o preçode mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazemcobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobraram-me uma "taxa deabertura de crédito" - equivalente àquela hipotética "taxa de acesso aopão", que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigadoa abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, ossenhores cobraram-me uma "taxa de abertura de conta".
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta,essa "taxa de abertura de conta" se assemelharia a uma "taxa de abertura dapadaria", pois, só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.Antigamente, os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como"Papagaios". Para gerir o "papagaio", alguns gerentes sem escrúpulos cobravam"por fora", o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos.
Agora ao contrário de "por fora" temos muitos "por dentro".Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhorescobraram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR "para a manutenção daconta" - semelhante àquela "taxa pela existência da padaria na esquina darua".A surpresa não acabou: descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se euutilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhanteàquela "taxa por guardar o pão quente".
Mas, os senhores são insaciáveis. A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde souinformado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nasinstalações do v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei umfinanciamento ou se vendi a alma?Depois que eu pagar as taxas correspondentes, talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário émuito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, queexistem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e nada poderemfazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto por lei,regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal.Sei disso.Como sei, também, que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, quenão conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito maiselevados.
Sei que são legais.Mas, também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremosdepois para cobrar da mesma forma.

Vitor Pinheiro

1 comentário:

paulo disse...

Quando o ser humano se vende às garras da doença capitalista não para.
É como uma droga.
Melhor mesmo é dependermos o menos possível desses senhores sôfregos de lucro